Profile: Paulo Manzini

A trajetória do triatleta amador que mudou de vida há oito anos, após um “susto" que sua saúde lhe deu

Paulo Manzini, o Paulão, tem 42 anos, 1,97m e 86kg. É grande, mas já foi bem “maior”… quando tinha quase 120kg e nível dois de gordura no fígado. Resolveu mudar de vida e o triathlon mudou sua vida.

Desde criança sempre foi um apaixonado por ciclismo de estrada, adorando assistir tudo sobre o Tour de France, filmes relacionados a bicicletas e coisas épicas. Vivia em bicicletarias para poder observar bicicletas “especiais” de corridas, como ele as chamava à época.

Nascido e criado em São Carlos, interior de São Paulo, onde as opções eram poucas na época, ganhou de sua mãe uma Caloi 12 e começou a praticar o ciclismo, competindo em provas regionais e estaduais. Pedalou dos 12 aos 17 anos e parou, para fazer uma nova tentativa aos 28 anos, incluindo aí o Mountain Bike, sempre de maneira bem amadora.

Mas aos 32 anos a vida lhe deu um susto. Teve que parar no hospital por causa de uma dor forte na lateral do abdômen, com suspeita de apendicite “Fiquei internado para observação, nada grave, mas duas notícias vieram, uma ‘boa’ e uma ‘ruim’. A boa é que não era cirúrgico, a ruim é que eu, pesando quase 120kg, tinha nível dois de gordura no fígado”, revelou ele, que a partir desse momento, Paulão decidiu que era hora de mudar. “Daí comecei a dieta, atividade física e forma de vida regrada… comecei e nunca mais parei. Passei a treinar mais, emagreci, procurei pessoas do ciclismo e logo comecei a competir ciclismo de estrada, disputando provas em 2011 e 2012”.

Durante diversos treinos, ele foi conhecendo pessoas novas, como o triatleta Ciro Violin, que foi campeão mundial amador no Ironman Hawaii, e o apresentou o triathlon, no final de 2012. “Mantive o pedal e logo comecei acorrer e nadar. Minha primeira aula de natação foi dia 18 de Dezembro de 2012. A meta era conseguir nadar 1.000 metros para poder fazer o GP Extreme de São Carlos, que tem distâncias de 1.000 metros de natação, 100km de ciclismo e 10km de corrida”, recorda-se e completa: “Eu pedalava muito bem, mas a natação era ruim e a corrida lenta demais. A lembrança legal desta prova, é que faltando poucos metros para a chegada, o Roberto Azevedo (o “Mestre”) me passou e eu não achei justo disputar com ele, então completei a prova alguns segundos depois. Logo o cumprimentei e perguntei sua idade… ele respondeu que tinha 62 anos! Pensei… quero ser igual esse cara! Hoje ele tem 67 e é o atual campeão mundial em Kona na categoria 65/69 anos”.

Paulão gostou tanto do GP Extreme São Carlos que faz a prova desde 2013, sem perder um ano. Inclusive, ultimamente, já fazendo o chamado “Double”, que é o Longo no sábado e o Sprint no Domingo. Ele também traz grandes lembranças do Ironman Brasil de 2018, que o classificou para Kona pela primeira vez, sob a influência de amigos como Reinaldo Colucci e Pedro Cerize. “Gosto também do Ironman 70.3 Buenos Aires 2019,  pois terminei em 4º geral amador, sendo vice-campeão da 40/44 anos. Essa, na minha opinião, foi a minha melhor prova da vida. Consegui correr bem depois de um bom pedal! Kona 2018 (foto abaixo) é algo inesquecível também; fiz em 9h46min, mas sei que quebrei na prova! Volto lá em fevereiro 2021 para tentar me vencer!”.

Sobre a amizade com Colucci, Paulão é reconhecido por pedalar com um dos melhores atletas do Brasil. “Reinaldo é muito amigo! Gosto dele demais e sou muito fã! Respeito muito ele como atleta e ser humano. Pedalamos sempre, principalmente quando ele está treinando para longas distâncias. Às vezes brincamos de pedalar e se desafiar, mas ele surpreende demais minhas expectativas. Eu tenho judiado dele no Zwift… Como eu disse, venho do ciclismo e acho que meu porte ajuda a embalar, mas pago o preço pra subir! Fiz muitas boas provas de contrarrelógio já!”, reconhece.

Quando a quarentena acabar e as competições voltarem a acontecer, Paulão se programou para fazer o Ironman 70.3 São Paulo 2020. Para 2021, o Ironman Hawaii em fevereiro/2021 e Ironman 70.3 Maceió e o Ironman Brasil, que iria fazer este ano, mas optou por transferir para ano que vem. Para seguir esses objetivos, ele sempre treina dois esportes todo o dia, e às vezes faz até três. “Em fase de preparação para provas específicas, procuro treinar 21 horas semanais, variando para mais e menos também. Já cheguei a treinar 30 horas. Primeiro semestre é mais complicado para mim por causa de trabalho, então tenho priorizado mais no segundo semestre as provas de triathlon. Claro que estou falando em períodos normais, sem a pandemia de coronavírus. Neste momento, sigo treinando no Zwift apenas e correndo bem pouco, pois tenho lugares para correr sem risco, que são bem isolados, entretanto, zero de natação…”, conta Paulão.

Perguntado sobre seu objetivo no triathlon, Paulão não responde sobre provas, mas sobre a jornada. “Gosto do esporte, gosto de treinar, gosto de performar, mas não é sempre que dá para isso. Então eu quero me manter treinando e sempre que der, treinar de forma eficiente para performar. Ajustar essa meta com os resultados, sejam quais eles forem e tentar extrair a gratidão que isso tudo nos proporciona. Tenho trabalhado nisso, pois não é fácil ficar grato quando não se conquista algo almejado. Mas sem treinar, resultados que realmente queremos não vêm com facilidade… então, tenho trabalhado nesta linha de equilíbrio. Meu grande amigo, Roberto Azevedo, me auxilia demais nesta trajetória!”, e completa: “Quando eu comecei, via os resultados de grandes atletas e achava demais… não passava pela minha cabeça que seria possível fazer algo próximo daquilo, nas devidas proporções, em questão da prioridade que se dá para tal. Às vezes eu me vejo bem (determinados momentos), e sempre acho que dá para melhorar. Às vezes, acho que falta valorizar mais o que estou fazendo e curtir mais os resultados que estou alcançando. Muita exigência pessoal pode tirar o prazer do resultado obtido, que para mim pode não ser o que quero, mas para muitas pessoas pode ser maravilhoso. Neste caso, eu me vejo no começo desta frase, vendo os grandes resultados de vários grandes atletas. Autovalorização é legal também! Sinta-se bem!”, ensina Paulão.

BIO
Paulo Henrique Manzini
Idade: 42 anos
Cidade: São Carlos
Tempo de triathlon: 8 anos
Altura: 1.97m
Peso: 86 kg
Roupa de borracha: Roka
Óculos de natação: Roka
Bike:  Scott plasma
Capacete: Giro
Sapatilha: Shimano
Tênis de corrida treino: Nike zoom fly ou NB1500
Tênis de corrida competição: mesmo
Óculos de sol: Rudy ou Roka
Equipe: Ironcrazy
Patrocínio/Apoio: Indusplast, Skopos, Ciclo Pedal, Join Sports, Top Telha, Ohata Sports, Ironcrazy

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