Rafael Juriti e a paixão pelo Cross Triathlon

Atleta de Belo Horizonte tem se destacado nas competições de Cross Triathlon

Ele é apaixonado pelo triathlon, mais precisamente pelo Cross Triathlon… muito devido à paixão pelo mountain bike e o contato com a natureza. Conheça trajetória de Rafael Juriti, de 36 anos:

Como chegou ao Cross Triathlon?
Acho que não fui eu que cheguei ao Cross Triathlon, mas o Cross Triathlon que chegou até mim. Foi processual e natural. O esporte e o contato com a natureza sempre fizeram parte da minha vida. Desde pequeno já fazia mountain bike e corrida, incentivado pelos meus pais que sempre me deram muito apoio. O Mountain Bike entrou na minha vida quando eu tinha nove anos e a parceria do meu irmão fortaleceu meu envolvimento com essa modalidade desde a infância. O lugar que eu moro em Belo Horizonte/MG possui muita área verde e muitas trilhas legais para a prática de mountain bike, o que sem dúvida, também foi um grande impulso para desenvolver minha relação com o esporte e com os treinos.

Com 11 anos, fiz minha primeira viagem de ciclo turismo incentivado pelo meu pai. Fomos do município de Morro do Pilar/MG à Diamantina/MG na Serra do Espinhaço, uma experiência incrível com a bike, que também marcou a minha história com essa modalidade. Aos 12 anos comecei a fazer Triathlon com o meu irmão, vizinhos e amigos, grandes incentivadores e parceiros, foi quando participamos juntos da nossa primeira competição de Triathon que foi uma experiência marcante e singular, que mais adiante vou contar para vocês. Por ora, digo que essa experiência me afastou por um tempo do triathon e de forma ainda mais intensa da natação. Afastamento este, que implicou um vínculo cada vez mais forte com a bike, já que foi através dela, que retornei ao triathon anos depois.

Depois da experiência impactante na minha primeira competição, tive experiências com outros esportes, como o tênis e o motocross, mas não teve jeito, o triathon voltou a ganhar espaço na minha vida. Aos 18 anos voltei para o triathon e segui firme nos treinos por dois anos. Foi quando comecei a fazer faculdade e a relação com o triathon arrefeceu.  Nessa época, minha relação, mais amena e leve, com o esporte restringiu-se a bike. Na verdade, a bike nunca saiu totalmente da minha vida, sempre esteve presente.

Mas foi em 2014, que a minha relação com o Triathlon começou a se profissionalizar. Neste ano, participei do XTerra em Poços de Caldas/MG que foi uma experiência muito positiva que me motivou a participar de outras etapas nos anos seguintes. O divisor de águas veio mesmo em 2017, quando participei do Ranking Xterra e na etapa em Ouro Preto/MG como amador, ganhei a prova no 1° lugar Geral. Esta conquista foi uma grande motivação para que eu confiasse e acreditasse mais no meu potencial e para impulsionar o investimento nos treinos de forma mais profissional.  Para além da motivação, esse resultado ampliou os horizontes, abriu portas e possibilidades. Foi nesse momento, que se concretizou o contato com a Sense e a minha integração à Equipe como profissional, o que sem dúvida, foi uma grande conquista e oportunidade para minha carreira como atleta.

De certa forma, a minha trajetória como atleta profissional do triathlon é relativamente recente, mas fruto de uma história de vida muito intensa com as modalidades implicadas e com o esporte mais amplamente. Digo que foi o Cross Triathlon que chegou na minha vida, porque o foco quase orgânico na bike e mais especificamente na mountain bike, devido a minha trajetória pessoal, a necessidade do contato com a natureza e aos acontecimentos na minha história com o esporte, talvez tenham direcionado o meu potencial para a expertise técnica da mountain bike, que pode ser um grande diferencial no Cross Triathlon. Foi mais ou menos assim que minha vida esportiva se consolidou no Cross Triathlon. Foi um encontro da vida com o esporte.

Qual foi sua primeira prova de triathon e que recordações tem dela?
Infelizmente, não tenho boas lembranças da minha primeira prova. Como já mencionei, participei da minha primeira competição de Triathlon aos 12 anos, em Nova Lima/MG, região metropolitana de Belo Horizonte. Foi uma experiência muito impactante porque foi uma prova interrompida e marcada pelo falecimento de um dos participantes por afogamento. Depois desse trágico evento, o Triathlon na minha região perdeu forças e me distanciei do esporte e principalmente da natação. Tive experiências com outras modalidades esportivas, mas a corrida e sobretudo a bike, seguiram fazendo parte da minha vida. Mas demorei um tempo para me acertar novamente com a natação e os treinos nas águas.

Quais as provas que guarda as melhores lembranças?
Certamente, a participação no XTerra de 2017 (Ouro Preto/MG) quando participei como amador e conquistei o primeiro lugar geral. Essa vitória transformou positivamente a minha carreira como atleta profissional. Outra prova que me traz lembranças muito positivas foi o XTerra de 2018, também em Ouro Preto/MG, quando alcancei novamente o primeiro lugar geral. O bicampeonato foi uma grande conquista que legitimou os investimentos nos treinos e as estratégias formatadas para a participação nas provas. Foi um grande incentivo para nos certificarmos que estávamos no caminho certo.

Outra experiência que não foi tão positiva em termos de resultados alcançados, mas que me trouxe muitos aprendizados, foi uma prova que participei no Hawaii, em 2017. Me preparei muito para essa competição e participar dela, envolveu muito investimento e dedicação. Tinha grandes expectativas quanto às possibilidades de bons resultados, contudo, tive um pequeno acidente. Outro ciclista bateu na roda da minha bike que entortou muito, muito mais do esperado para o tipo da batida. Mesmo com a roda em condições inadequadas, com problemas mecânicos e logísticos, completei a prova. Durante muito tempo esse acontecimento perseguiu meus pensamentos. Refletia sobre o que eu tinha feito de errado e como poderia ter sido diferente se tivesse feito isso ou aquilo. Mas o se, não existe. Hoje penso que aconteceu dessa forma porque tinha que acontecer. É claro que levo dessa experiência muitos aprendizados e espero não cometer os mesmos erros que posso ter cometido. Mas o que mais aprendi mesmo, é que na vida esportiva precisamos trabalhar muito nossas expectativas e frustrações, já que “uns dias são de glória e outros de luta”. A vida é assim e temos que aprender a renovar as nossas motivações como atletas também nos dias de luta.

Com a pandemia global em 2020, a experiência no Hawaii, acabou me ajudando a lidar com as frustrações deste ano devido aos cancelamentos e suspensões das provas já agendadas, para as quais estava me preparando muito. Tinha muitas expectativas para 2020, mas infelizmente as provas e etapas não aconteceram conforme o planejado. Faz parte da vida. Que venha um 2021 mais tranquilo e seguro para o triathlon. Seguimos firmes nos treinos. Estamos preparados e ansiosos pelo retorno das provas.

Como é sua logística no dia a dia? Primeiramente, é importante citar o apoio total da minha família desde sempre. O incentivo deles foi e ainda é fundamental para minha trajetória como atleta. Sobre trabalho, antes de focar quase 100% na carreira de atleta, atuei durante um tempo dando aulas de bike. Ainda dou algumas aulas pontualmente, mas o meu foco principal é a carreira como atleta profissional. Apesar dos inúmeros desafios para direcionar a vida profissional totalmente para o esporte, considero que o foco total nos treinos, provas e competições faz toda a diferença nos resultados alcançados pelo atleta. Acredito que o fato de não ser casado e de não ter filhos, proporciona um contexto mais confortável e flexível, para que eu possa me empenhar na dedicação integral à carreira como atleta profissional, já que contribui para que eu tenha mais tempo, foco e disponibilidade para investir nos treinos, viagens e competições. Sobre a minha dedicação cotidiana ao esporte, de forma geral, treino duas vezes por dia, às vezes, três. Na parte da manhã faço os treinos das modalidades do Triathlon, natação, bike e corrida e no fim da tarde, faço os treinos de musculação.

Você gosta de competir em triathlon tradicional? O que te atrai no Cross Triathlon e não tanto no triathon tradicional?
Gosto de competir no triathlon tradicional para ganhar ritmo de prova e como treino. Mas na minha região, em Minas Gerais, não acontecem muitas provas, então, para participar com constância, tenho que planejar viagens mais longas que demandam investimentos maiores, o que nem sempre é possível. Mas como já mencionei, me encontrei mesmo no Cross Triathlon. A natureza, a trilha, a técnica exigida pela mountain bike, a atmosfera Off Road me envolvem e me motivam de forma única.

Rafael Juriti, ao centro, na foto acima.

Qual é o seu objetivo maior dentro do triathlon?
É claro que como atleta profissional tenho objetivos bem delimitados para alcançar  metas principais: Ser campeão Brasileiro de Cross Triathlon e do Ranking XTerra, já que em 2018 e 2019 fui terceiro no Ranking, que é o principal evento de Cross Triathlon no Brasil e alcançar um lugar entre os top  10 no Mundial de Cross Triathlon. Em uma perspectiva mais ampla, desejo que a minha atuação como atleta fortaleça o esporte, contribua para dar visibilidade ao Cross Triathlon e quem sabe, possa motivar e estimular outras pessoas a conhecerem o esporte, a começarem a praticar ou para aqueles que estão iniciando nessa modalidade esportiva, que possa motivá-los a seguir em frente e investir cada vez mais no Cross Triathlon.

Que dicas pode dar para alguém que vai iniciar no triathlon?
Não tem milagre, a dica é treinar muito e se superar a cada treino. Muita disciplina, foco e consciência sobre suas metas e os resultados que deseja alcançar. Para a mountain bike, minha dica é treinar muita técnica porque pode proporcionar um ganho de tempo significativo e ser um grande diferencial nas provas. Para o trail running, a dica é investir nos treinos de corridas em trilhas e terrenos acidentados, encarar de frente os treinos nas subidas e alcançar ganhos de elevação cada vez maiores. Para natação, minha dica é treinar muito a navegação que é fundamental em uma prova de triathlon. Para quem está começando recomendo muita paciência e persistência, muitas vezes, completar a prova, já é uma grande conquista.

Fique à vontade para acrescentar o que quiser:
Gostaria de agradecer à Tri Sport Magazine pelo convite e pela oportunidade de contar um pouco da minha história com o Cross Triathlon. Agradeço a vocês também pelo trabalho incrível que desenvolvem nessa plataforma de comunicação especializada em produzir histórias e conteúdos tão autênticos e pela enorme contribuição ao fortalecimento do triathlon. O Trabalho de vocês é fundamental para dar visibilidade ao esporte e para conectar atletas e demais interessados ao seu universo de forma criativa e sempre muito atualizada.

Por fim, gostaria de agradecer a minha Equipe Sense Factory Racing, que vem há 3 anos me dando total apoio para alcançar meus objetivos. Obrigado!

BIO
Nome – Rafael Gomes Juriti Ferreira
Idade – 36 anos
Cidade -Belo Horizonte
Tempo de Triathlon – 04 anos
Altura – 1,69m
Peso – 62kg
Roupa de borracha – O`NEIL
Óculos de natação – Hammerhead
Bike – Sense Impact Carbon Pro
Capacete – ASW
Sapatilha – Shimano
Tênis de corrida de treino – Treinos curtos- Nike; Treinos longos – Hoka
Tênis de competição – “Depende do terreno e como é a corrida da prova, mas uso o New Balance ou o Hoka”
Óculos de sol – HB
Equipe – Sense Factory Racing
Patrocínio/Apoio – SENSE/EXCEED/ASW/HB/MICHELIN/FIZIK/FOX/WE CARE U/DINAMICA SAUDE/P.CYCLE.

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