Profile: Luciana Haddad

Neste “Profile" trazemos a trajetória de Luciana Haddad, de 40 anos, que, entre vários bons resultados, foi vice-campeã de sua categoria no Ironman Mar del Plata, na Argentina. Além de ter representado o Brasil no Mundial de Ironman, no Havaí.

Luciana não teve nenhum histórico de esporte na infância ou juventude. Como ela se define, foi a típica “nerd” e focava toda sua energia nos estudos e depois na carreira de médica. Começou na corrida por volta dos 30 anos, quando voltou ao Brasil depois de um período na França. A ideia era simplesmente perder de forma rápida e prática os quilinhos a mais que havia ganho. Mas após sua primeira prova de 10k, viciou na sensação deliciosa do desafio. Dali foi um pulo para as meias-maratonas, e em 2013 fez sua primeira maratona.

“Percebi que gostava ainda mais das longas distâncias. Fiz logo três maratonas e uma ultra, tudo de forma muito intensa. Comprei uma bicicleta (road) no final de 2013, e achava que seria para pedalar nos finais de semana. Não tinha nenhuma experiência com ciclismo ou natação. Mas resolvi experimentar um treino da madrugada na USP e amei! Quando comecei a pedalar meu técnico de corrida sugeriu que eu fizesse um short triathlon. Meu grande desafio foi começar a nadar, sem nenhuma experiência prévia. Me matriculei numa academia em novembro já inscrita para o troféu Brasil (última etapa de 2013, em dezembro), e falei para o professor que teria que nadar 750mts no mar em um mês. Lógico que na prova a natação foi um desastre. Nadei cachorrinho, tentei desistir, mas o staff no caiaque me deu a maior força e eu concluí em 35 minutos a etapa. Saí feliz da vida para pedalar e correr. E completar a prova, com meus filhos pequenos me esperando na chegada, foi uma das coisas mais legais e desafiadoras que fiz na vida!”, recorda-se ela.

Luciana voltou de Santos com a meta de conseguir nadar 1900m contínuos em águas abertas para poder fazer um Meio Ironman. E foi nadando sozinha numa represa que começou: 500mts, 800mts… progressivamente. No dia 31 de dezembro de 2013 conseguiu nadar os 1900m e se inscreveu para o IM70.3 de Brasília, em abril. Em fevereiro de 2014 fez o Internacional de Santos já com uma bike de triathlon e nadou os 1500m nos mesmos 35min que havia nadado seu primeiro short triathlon.

Luciana considera que as maiores alegrias e surpresas que teve em sua trajetória, foram as primeiras provas que realizou, já que no seu primeiro Ironman 70.3, em Brasília, se classificou para o Mundial de Mont-Tremblant. Algo que jamais imaginara. Acabou fazendo sete provas de Meio Ironman no período de um ano. Sempre bem intensa…

Para 2015 focou em estrear no Ironman. E de novo, largou sem grandes pretensões e acabou ficando em segundo lugar na sua categoria, se classificando para Kona. “Foi incrível, não só pelo resultado, mas por ter descoberto minha distância favorita. Acho que depois da primeira vez na distância você nunca mais faz uma prova completamente sem metas ou cobranças. Por isso guardo com muito carinho a lembrança desse meu primeiro Ironman”, revela.

Nesta temporada Luciana trocou de treinador pela primeira vez. Assim, passou por algumas mudanças na metodologia de treino e acabou fazendo a maior parte deles sozinha. Fez o Ironman de Frankfurt no primeiro semestre, que por ser Campeonato Europeu, o start list é bem forte, e teve um resultado ótimo, fazendo um pedal excelente, que foi o foco do primeiro semestre. No segundo semestre a ideia dela era fazer Kona e se estivesse bem, fazer o Ironman Mar del Plata para tentar garantir a vaga para o Mundial do Hawaii, em 2020. E ela comemora: “Deu tudo certo! Encerro o ano já classificada, o que possibilita organizar de forma diferente o calendário para 2020. Abro o ano com o IM70.3 de Bariloche, seguido do IM70.3 de Floripa. Tenho os Mundiais de Ironman em Kona e 70.3 em Taupo (que não sei se vou…). Além disso, farei um Ironman no primeiro semestre, provavelmente Florianópolis. Farei também o Haute Route Brasil, na minha estreia em provas de ciclismo, e acho que será incrível! E com certeza aparecerão mais provas por aí.”

Um dos grandes desafios na vida do triatleta amador é dividir o tempo entre família, esporte e trabalho. E com Luciana não é diferente. “Trabalho no Serviço de Transplantes de Órgãos da Faculdade de Medicina da USP e sou apaixonada pela minha profissão. Comecei minha carreira muito nova. Me formei em 2001, com 21 anos. Consegui fazer carreira acadêmica e conquistar algumas coisas bastante significativas profissionalmente antes de começar no triathlon. Mas mesmo já fazendo Ironman, consegui defender a Livre Docência em 2017. Além da profissão, tenho dois filhos, de 8 e 10 anos, que são meus grandes incentivadores no esporte, e já cresceram me vendo nessa loucura da multitarefa. O fato do meu marido ser triatleta, adorar esporte e me apoiar em todas as loucuras facilita e muito!”, conta ela, e acrescenta: “Algumas coisas que ajudam bastante na logística é que moro perto do hospital e consigo me locomover de bicicleta. Além disso, temos uma piscina da Atlética praticamente dentro do hospital, e consigo nadar nas brechas do trabalho. Sou bastante organizada e gosto dessa rotina super agitada. Sempre fui intensa e gosto de aproveitar todo o tempo que tenho no dia. Acho divertido intercalar a vida de atleta com treinos na madruga, natação etc., com minha vida profissional que é completamente outro universo, com doentes graves, alunos, residentes etc.”

Luciana ainda almeja fazer novas provas de longas distâncias pelo mundo, em lugares novos e desconhecidos para ela, além de ter em mente o Fodaxman, em Santa Catarina, e o Patagonman, na Patagônia. Bem como provas de ciclismo, trail run e ultramaratonas. “O que não me falta é vontade! Espero ter toda vida pela frente para ir realizando esses sonhos. Eu já alcancei no triathlon muito mais do que jamais imaginei. Estou indo para meu sexto ano consecutivo em Kona, e sei o quanto é preciso se dedicar para conseguir a vaga. Nunca foi e nunca será fácil. O que desejo de verdade é me manter no esporte por muitos anos ainda e incentivar muitas pessoas a começarem, principalmente mulheres, independente da idade. Eu comecei tarde e sem experiência. E posso dizer que o esporte mudou minha vida. Sou muito mais feliz com coisas muito simples. Viver com mais saúde, estar em contato com a natureza, conhecer pessoas, são benefícios que o esporte nos oferece, dentre tantos outros. Tenho certeza que sou uma profissional muito mais focada e uma mãe mais tranquila graças às lições que vou tirando dessa vida de triatleta”, finaliza Luciana.

BIO
Nome: Luciana Haddad
Idade: 40
Cidade onde nasceu: São Paulo, mas viveu em Divinolândia até 15 anos
Cidade onde vive: São Paulo
Tempo de triathlon: 6 anos
Altura: 1.65
Peso: 55
Roupa de borracha: Roka
Óculos de natação: Aquaesphere
Bike: Trek
Capacete: Bontraguer
Sapatilha: Bontraguer
Tênis de corrida treino: nike
Tênis de corrida competição: nike
Óculos de sol: goodr
Equipe: Team Cyclo
Patrocínio/Apoio: Trilo, Cyclist, Trek, Dux Nutrition, SportBr, Join, Medcel, Careclub, Nixie, Iogurte Moo, Blocks, Nutty bavarian,

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