Por que, como e quando devemos usar o Snorkel?

Dicas e maneiras de utilizar este equipamento para melhoria e desenvolvimento do nado

Por Claudio Morgado

O snorkel, nos anos 70, já era utilizado no treinamento de natação… para nadadores! Sim, pois o nosso foco é o triathlon e existem diferenças substanciais. A diferença começava na estrutura do próprio equipamento, pois na verdade os nadadores faziam uso do antigo snorkel de mergulho, com foco na correção do nado.

Já a partir dos anos 90, a utilização de um snorkel frontal cresceu principalmente no treinamento do nado borboleta (foto abaixo) e, posteriormente, foi incorporado ao nado peito e crawl, que é o que nos interessa. Como, ao fazer uso do snorkel, não ocorre a respiração lateral, o praticante consegue ter uma a concentração no gesto motor muito maior, podendo visualizar a fase submersa da braçada e suas respectivas varreduras. A hidrodinâmica fica muito melhor também, pois a oscilação lateral é extremamente reduzida, o que dá uma fluidez mais eficiente ao nado e, consequentemente, maior velocidade.

COMO INICIAR
O início do treinamento com snorkel tem de ter caráter evolutivo. Não é aconselhável pegar o equipamento e sair nadando direto com ele. Sempre preconizo que os primeiros exercícios devem ser introdutórios, como se estivéssemos ensinando o atleta a nadar, como por exemplo realizar o velho e bom “foguetinho”, dependendo do lugar no Brasil, o “Superman”, onde o praticante estende os dois braços à frente, mantém a cabeça com a água nivelada na linha da testa – snorkel na boca, evidentemente… – e se locomove somente através das pernadas em seis tempos. Pode ir 25 m assim e volta então já realizando o ciclo de braçadas.

Evite, no início, nadar grandes distâncias com snorkel, pois com o débito de oxigênio podem ocorrer tonturas e até desmaios, o que dentro d’água se torna um grande risco. Como sugestão, pare a cada 50 m, até se tornar uma virtude do treinamento aeróbio prolongado. Não tente, logo no começo do treinamento com o equipamento dar a virada olímpica, inicie com a lateral, até ter o domínio de dar uma expiração forte ao empurrar a parede na saída e junto tirar a água que entrou pelo cano durante o movimento da virada.

MAIS VALIA
Um grande diferencial deste trabalho com o snorkel, na minha opinião, é que no mesmo tubo onde passa o oxigênio, passo gás carbônico, ou seja, te obriga a trabalhar o diafragma, que é o principal músculo da respiração, melhorando a contração muscular e a captação de oxigênio. Para treinamento aeróbio é ótimo, tanto que muitos nadadores, com o passar do tempo e a técnica apurada, diminuem por vontade própria a entrada de ar pelo equipamento, fazendo assim ainda mais força para inspirar.

Outra mais valia é no que tange a melhora da qualidade dos exercícios educativos, principalmente os subaquáticos, que já requerem uma maior coordenação do nado. Usar o snorkel com pullbuoy e palmar também é interessante para o triatleta, pela similaridade com o posicionamento do corpo do mesmo na água, quando este está com uma roupa de borracha, potencializando assim a varredura da braçada. Vale lembrar que snorkel não é muleta! Não adianta se apegar ao equipamento e achar que será a tábua de salvação de seu nado. Ele é sim, mais um ótimo equipamento de auxílio.

SÉRIE
Para os que já tiverem treinados e adaptados ao snorkel, tem uma série de natação que utilizo toda com snorkel e considero de grande valor no treinamento. O volume da série é de 3.800 m (fora o aquecimento e soltura) e consiste em ser feita em três partes, A1, A2 e A3: 3 x 600 m em A1; 6 x 200 m em A 2; 8 x 100 m em A3. Faço “pura” e combinada, como por exemplo: A1 de crawl e snorkel, A2 de pullbuoy, palmar e snorkel; e A3 pé de pato, palmar e snorkel.

Claudio Morgado é técnico de triathlon e um dos precursores do esporte no Brasil. @morgadotri

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