Otimize os treinos de natação com o uso do pé de pato

Em termos de motivação, principalmente para aquele triatleta amador tem apenas 40 minutos para nadar, o pé de pato é uma “mão na roda”

Por Claudio Morgado

Não podemos comparar o treino de natação do triatleta com o treino de natação do nadador. É a mesma atividade, mas treinada de maneira completamente diferente. O nadador bate na borda, termina sua prova, vai para outra piscina soltar e se prepara para a prova seguinte, no mesmo esporte. Já o triatleta sai da água e vai para a prática de mais dois esportes diferentes, o ciclismo e a corrida, ou seja, o treinamento precisa ser diferente tanto quantitativamente quanto qualitativamente.

Essa reflexão se estende ao uso dos materiais para o treinamento de natação. O uso de pé de pato – ou nadadeiras – é diferente para nadadores e triatletas. O pé de pato de um nadador é menor, mais duro, proporciona uma flexibilidade tíbio-társica bem maior e o deslocamento causado não é tão acelerado quanto ao utilizado pelos triatletas, sem falar na sintonia fina, a propriocepção ao meio, que é uma característica fundamental da diferença entre o nadador e o nadador do triathlon não-oriundo da natação.

Para o triatleta, recomenda-se a utilização de um pé de pato de tamanho médio. Não confundir com o grande, de mergulho, mas médio, que comparado com o de natação até parece grande… constituído de um material que não machuque, até porque os pés já estarão desgastados dos treinos de ciclismo e corrida, então não vale expô-los a mais essa sobrecarga. Além disso, é importante que o modelo de pé de pato do triatleta não afunde, mas sim, flutue, pois vai ajudá-lo a manter-se na linha d’água.

O PORQUÊ
A nível de correção, treinar com este tipo de pé de pato é excelente, já que se consegue repetir, várias vezes, perto da melhor otimização do movimento, ou seja, educar é melhorar, sempre seguindo uma ordem didático-evolutiva-pedagógica, saindo do mais simples para o mais complexo. Com o pé de pato, o triatleta tem um gasto energético menor, se cansando menos e proporcionando assim executar melhor os movimentos e deixando-o na linha d’água. Sem o pé de pato é muito mais difícil educar!

Outra coisa é que se consegue ter uma capacitação aeróbica maior, nadando 10 a 20% numa intensidade maior, com um volume maior. Facilita o nado? Sim! Mas para isso é importante conjugar com os outros equipamentos e segmentos, como snorkel, paraquedas, calção de bolso, ciclo respiratório bloqueado etc. Uma dado que vale ficar atento é a coordenação do nado com pé de pato, pois, se acelerar demais as pernadas, o braço não acompanha o ritmo, ficando o nado descoordenado.

A grande sacada é educar, mas lembrando de alternar com o nadar. Faça séries curtas de educativos, alternando sempre com o nado. Se a série é longa e o praticante perde a concentração – o que é muito comum –, ele vai repetir os erros que já cometia por muitos metros e, em vez de tornar neural o modo eficiente de nadar, vai acontecer o contrário, viciando-se ainda mais nos próprios erros.

SÉRIES
Em termos de séries intervaladas, em determinados períodos do ano, nas fases específicas 1 e 2, podemos incrementar o maior número de séries com pé de pato, mas sempre guardando atenção às devidas proporções com as velocidades segmentares de pernas e braços, para o nado não ficar conduzido pelas pernadas.

MOTIVAÇÃO
Hoje em dia, a maior parte das provas de triathlon tem a roupa de borracha liberada para os atletas amadores, mesmo quando a temperatura não exige. Como já é sabido, estas roupas protegem do frio, mas ajudam muito na flutuação do triatleta, pois o coloca na linha d’água, com o menor arrasto possível, numa posição que, sem o neoprene, talvez não conseguisse. Este ganho todo de posicionamento corporal é semelhante ao proporcionado pelo pé de pato que flutua, juntando assim dois treinos em um. Em termos de motivação, principalmente para aquele triatleta amador que tem o dia corrido, que nada com horário apertado na hora do almoço e tem apenas 40 minutos para nadar, o pé de pato é uma “mão na roda”.

Depois de fazer o aquecimento sem equipamento, incluir o pé de pato no treino vai ocasionar um “doping mental”, pois o praticante conseguirá nadar quase 2.000m num tempo que não conseguiria normalmente, os seja, além do benefício educacional de se utilizar bem este material, existe o ganho motivacional. É claro que para se tornar neural/medular não é rápido – nada é rápido na evolução esportiva – requer tempo e dedicação, mas estando motivado, o triatleta paciente consegue.

Claudio Morgado é técnico de triathlon e um dos precursores do esporte no Brasil. @morgadotri

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