Recovery no triathlon: Entenda o processo

Para que as adaptações ao treinamento sejam otimizadas se faz necessário planejar também os períodos de recuperação do atleta

Por José Rubens Zambelli

O Recovery é um processo de extrema importância na vida dos atletas e muitos estudos tentam identificar técnicas ou métodos para melhorar o desempenho esportivo. Entretanto, esse desempenho não depende apenas do treinamento, mas de uma homeostase (equilíbrio) entre os treinos e a recuperação. Para que as adaptações ao treinamento ocorram de maneira esperada, é necessário o planejamento não somente das cargas, mas também dos períodos de recuperação do atleta. Dessa forma, as causas de uma lesão podem estar relacionadas com excesso de esforço repetitivo (lesões por sobrecarga), sem que haja tempo suficiente para submeter ao processo reparador natural.

De acordo com alguns estudos, a capacidade de um atleta determinará a qual carga, em termos de volume, intensidade e frequência ele será submetido. Quando a carga for aplicada de maneira correta beneficiará a capacidade, aumentando a força, resiliência mental, massa óssea e com estímulos de treinamentos apropriados influenciará no desempenho dos atletas. Essas cargas devem ser controladas com seu Treinador e Fisioterapeuta, de forma progressiva a fim de produzir uma melhora contínua no tempo, pois o desequilíbrio entre carga e recuperação podem acarretar adaptações negativas, como a diminuição da capacidade do organismo em tolerar novas cargas.

Entende-se que as lesões esportivas têm etiologias complexas e multifatoriais, que não ocorrem em uma combinação linear de fatores preditivos isolados, mas a partir de interações da uma rede determinante. Por este motivo, é necessário compreender a interação entre capacidade e demanda. Quando a capacidade é superior à demanda do atleta ocorre uma adaptação, mas quando a capacidade é inferior à demanda acarreta em lesões.

Mas qual a melhor estratégia para recuperação dos treinos?
Em 2018, foi publicado um estudo para avaliar o impacto das técnicas de recuperação na dor muscular tardia (DOMS), fadiga percebida, dano muscular e marcadores inflamatórios após o exercício físico.

Terapia Manual (Massagem Esportiva)
Os estudos identificaram uma melhora significativa na dor muscular tardia, fadiga e biomarcadores inflamatórios após uma sessão de 20 a 30 minutos e este resultado pode ser percebido por até 96 horas após a terapia.

Vestuários de Compressão
Os equipamentos de compressão apresentaram uma redução da dor muscular tardia e fadiga, como a massagem esportiva, entretanto, de forma menos significativa que a terapia manual. Na prática clínica, esses itens são utilizados com os atletas durante as viagens, que apresentam muitas horas de voo.

Crioterapia/Crioimersão/Contraste
O “sucesso” dessas terapias depende de qual técnica será aplicado, qual equipamento utilizado, qual a temperatura e o tempo de aplicação. Neste estudo, a crioimersão e crioterapia também apresentaram uma redução da dor muscular tardia e fadiga.

Descanso ativo
os resultados mostraram que a técnica foi eficaz para dor muscular tardia, mas em um curto período de tempo. O efeito da recuperação ativa é explicado através do fluxo sanguíneo no tecido muscular, o que facilita a remoção de metabólico e pode contribuir para a redução de dor muscular tardia.

Alongamentos/Eletroestimulação
Os autores do estudo não encontraram possíveis benefícios dessas terapias. Mas o resultado pode ser questionado devido a grande variabilidade de protocolos utilizados na aplicação das técnicas.
Contudo, quando falamos em recuperação dos atletas devemos considerar que o Recovery é um processo restaurador multifacetado, ou seja, cada atleta apresenta particularidades individuais. E por fim, devemos compreender que a recuperação não depende somente de fatores físico, mas também de fatores psicossociais, como a higiene do sono, estresse e ansiedade.

José Rubens Zambelli é Fisioterapeuta do Instituto Biomech.@zerubenszambelli.fisio – zambellirubens83@gmail.com

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