HIPOGLICEMIA, HIPONATREMIA, hipertermia… O QUE ACONTECEU COM SARAH TRUE?

Triatleta entrou em colapso a 800 metros da linha de chegada, enquanto liderava o Ironman Frankfurt. Nutricionista fala sobre possíveis fatores que motivaram a falha no desempenho cognitivo da competidora.

Por: Janaina Porto Alegre – Nutricionista

Hipertermia, desidratação, hiponatremia, hipoglicemia, são vários os fatores que podem levar o organismo de um atleta a entrar em colapso, principalmente quando este esteja exposto à alta temperatura e em uma prova de longa distância.

É dificil determinar o que realmente ocorreu com a atleta Sarah True no último domingo (30) em Frankfurt. Para quem pode ver as imagens, fica claro que a função cognitiva da competidora estava totalmente comprometida, o que pode ser extremamente perigoso para o corpo humano, pois estamos lidando com organismo exaurido e debilitado, por uma soma de fatores, o que pode vir a ser fatal.

Muitos estudos, entre eles o de Casas, D.J., são incisivos em falar sobre o colapso pelo calor induzido pelo esforço (“Exertional Heat Stroke”), levando a temperatura retal acima de 40ºC associado ao funcionamento anormal do sistema orgânico, sendo este um sério risco para atletas que se expõem a condições de umidade e temperatura elevada, especialmente quando apresentam-se acima das condições normais de treinamento da rotina do atleta.

Neste caso, sugere-se que o colapso tenha sido induzido pela hipertermia dos tecidos, que é quando ocorre o aumento da temperatura corporal por falência dos mecanismos de dissipação do calor, aumentando a sudorese e a perda de uma grande quantidade de fluídos e eletrólitos. Com isso, inciou-se, portanto, um quadro de desidratação, que comprometeu o desempenho cognitivo, o que vimos ocorrer com a triatleta.

Outra possível causa seria a hiponatremia, quando há o consumo excessivo de água em relação a perda de eletrólitos, levando à maior diluição do sódio sérico e, em consequência, uma hipo-osmolaridade.

Os sintomas de desidratação ou hiper-hidratação (sugerindo a hiponatremia) se assemelham e, quando o atleta já está desorientado, há uma grande dificuldade de buscar corrigir o erro.

Alguns estudos indicam que as mulheres podem ser mais propensas a desenvolver hiponatremia associada a exercícios, entre outros fatores, essa propensão estaria relacionada aos níveis de estrogênio – mais alto nas mulheres do que nos homens.

Também precisamos considerar a hipoglicemia, quando a depleção de glicogênio muscular e hepático são fatores responsáveis pela fadiga e exaustão, principalmente se considerarmos o tempo de exposição ao exercício deste tipo de prova.

O desequilíbrio entre a necessidade metabólica durante a prova é influenciado pelo estado nutricional pré-competição, temperatura, metabolismo, absorção adequada da glicose e a oferta disponibilizada. Ou seja, será que o consumo de carboidratos da atleta estava adequado à sua necessidade metabólica, para aquela situação?

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