Entrevista: Bruno Khouri, vice-campeão mundial 45/49 de IM70.3

Conheça mais sobre a carreira do ex-triatleta profissional, hoje organizador de eventos e triatleta amador, Bruno Khouri

Bruno Khouri foi triatleta profissional no início dos anos 2000. Teve uma bela carreira e, quando se aposentou do esporte PRO, parou totalmente de treinar por dez anos. Voltou e, recentemente, foi vice-campeão mundial da categoria 45/49 anos no Mundial de Ironman 70.3 em St. George. Conheça mais sobre a vida deste experiente triatleta, que divide seu tempo com a família, triathlon e a organizacão de eventos.

Como descobriu o triathlon?

Eu jogava basquete até os 16 anos de idade (1993), quando me inscrevi de supetão no meu primeiro triathlon, por convite de uns amigos. Em 1994 eu comecei umas aulinhas de natação, pois ainda não conseguia nadar 500m sem parar.

 O que mais te motivou a entrar para o triathlon?

Aquela imagem do campeão da prova ser meio que um super homem… rs

No início do triathlon, qual foi a maior dificuldade, além da natação?

Foi financeira. O esporte sempre foi muito caro e eu nunca tive quem me sustentasse. No começo eu dava aulas de Spinning pra conseguir um dinheirinho pra viajar e competir.

Como era e como é hoje em dia a logística de treinos em Minas Gerais?

Não temos um lugar perfeito para pedalar, como aquele autódromo que o pessoal de Goiânia tem… Temos umas estradas um pouco perigosas… Pra mim que está mais acostumado, ok! Mas pra quem está começando isso é um problema. Corrida e natação temos ótimos locais!

 

Em que momento percebeu que poderia se tornar profissional do esporte e como vivenciou esta experiência?

Em 1996, com 19 anos, eu me destaquei no ranking brasileiro e a CBTri me levou para o meu primeiro Mundial, em Cleveland/USA. Foi uma experiência inesquecível, pois nunca tinha andado de avião e de repente o Triathlon me levou para o exterior. O resultado foi bem modesto, fui 41º na categoria e eu tinha aquela visão de que o pódio era somente pra robôs superdotados… Em 1997 consegui ir ao 2º Mundial (Perth/AUS) e fui 40º. Em 1998 meu 3º Mundial foi em Lausanne/SUI, e consegui ficar em 9º lugar, foi um TOP 10 que me mostrou que não era coisa de robô, mas que pra ganhar eu tinha que treinar muito mais seriamente. Então aí tomei uma decisão muito difícil… Tranquei a faculdade de Engenharia Civil na UFMG e fiquei um ano me dedicando exclusivamente ao treinos para então, no meu 4º Mundial, em Montreal/CA, em 1999, me tornar campeão mundial da categoria 20/24 anos e também campeão geral amador! Esse resultado abriu a porta para eu começar a competir com os profissionais a partir do ano 2000.

Como foi a decisão de parar de correr profissionalmente?

Foi baseada numa porrada que a vida me deu em 2008. Era falta de dinheiro mesmo, eu não tinha dinheiro nem pra abastecer o carro (literalmente). Larguei tudo e fui correr atrás de um futuro profissional fora do Triathlon. Fiquei 10 anos sem treinar, só focado em trabalhar, em construir uma base financeira. Até que em 2018 comecei a voltar devagar e em 2019 já estava treinando bastante.

Como é sua rotina diária de treinos hoje em dia? Como divide o tempo com o trabalho de organizador de eventos esportivos e a família?

Esse é o maior desafio! Pra ir bem no Mundial é preciso treinar muito, mas hoje em dia eu não posso “trancar a faculdade”. Hoje tem o trabalho, tem a família. Eu e a Flávia temos dois filhos, Lucas de cinco anos e Letícia de sete, e isso gera uma infinidade de compromissos. E na TBH Esportes hoje fazemos cerca de 70 eventos esportivos por ano. Então a coisa tem que andar muito redonda, tem que ter muita disciplina com os compromissos. Mas o grande segredo mesmo é a esposa ajudando demais em casa, e uma equipe excelente ajudando no trabalho, desta forma tem chance de dar certo!

Em St.George, você foi vice-campeão mundial de IM70.3 em sua categoria. Como se sentiu na prova, desde a natação? Durante a prova, conseguiu saber a posição que ocupava?

Me senti muito bem, foi uma entrega excelente! Consegui fazer muita força a prova, sem nenhuma ressalva, sem nenhum se isso, se aquilo… Estou muito feliz com o vice-campeonato e certo de que o Belarmino mereceu o lugar mais alto mesmo. Durante a prova eu tinha consciência total da posição que eu estava, o tempo todo. Só faltou perna pra correr um pouco melhor mesmo…

Qual a prova inesquecível que tem como triatleta?

A experiência transcendental foi o Mundial de 1999 mesmo, essa foi superior a tudo que já vivi no esporte até agora!

2023, quais são os planos?

Meu sonho é ser campeão mundial novamente, agora no Ironman 70.3. Quero outra experiência como a de 1999! E o passo seguinte será buscar o mesmo título em KONA.

Quais seus ídolos no Triathlon?

No Brasil, Leandro Macedo, como atleta e como pessoa, o cara é inspiração pra todos nós. Fora do Brasil o alemão Jan Frodeno, pelo excelência técnica, e por ter ganho tudo, desde o Ouro Olímpico até os Mundiais de Kona e IM 70.3

Quais as principais diferenças que percebe entre o triathlon de 20 anos atrás e de hoje em dia?

A mais relevante mesmo, acredito que é a alimentação. Essa história de consumir 100g de carboidratos por hora, e o fato de ter hoje os produtos que te fazem conseguir cumprir isso, tipo o Xtratus. Antigamente eu saía pra pedalar 3h levando banana e biscoito, como que pode né? A aerodinâmica no ciclismo também evoluiu demais, enxergando o ciclista e a bike como um todo. E por último, os tênis com placa de carbono, especialmente o AlphaFly da Nike.

Que dicas pode dar para alguém que, como você, começou a nadar tardiamente e almeja bons resultados no Triathlon?

Procure uma boa equipe, um bom treinador. Isso vai te economizar muito tempo e dinheiro que você gastaria tomando as decisões erradas. E também vai ajudar a se manter motivado nos treinos com companhia. O Triathlon é um esporte individual, mas ninguém faz nada sozinho. Hoje eu treino com Santitreinos, do Santiago Ascenço, com o Professor Bruno Manzoni, e isso ajuda muito.

PROFILE

Nome: Bruno Khouri

Nascimento: 10/02/1977 (45 anos)

Cidade natal: Belo Horizonte

Cidade em que vive: Nova Lima

Tempo de Triathlon: 29 anos (mas com uma pausa de 10 anos)

Técnico: Bruno Manzoni

Equipe técnica: Santitreinos

Bike: Cervélo P5 Disc

Capacete: Giro

Sapatilha: Fizik

Tênis de corrida: Nike Alphafly

Roupa de borracha: Roka

Óculos de natação: Track & Field

Apoio e patrocínios: Xtratus

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