Entendendo o treinamento com o Potencímetro

Treinar para um triathlon exige dedicação, esforço e alguns sacrifícios para que você consiga estar bem preparado para a sua prova-alvo. Por isso é necessário um bom planejamento de treinos para conseguir desempenhar no seu melhor, seja o seu objetivo apenas completar, melhorar seu tempo, conquistar um pódio ou mesmo garantir a vaga para o Ironman Havaí.
E para o seu planejamento é importante mensurar e monitorar constantemente seu condicionamento físico e seu esforço durante os treinos. Para isso existem diversas ferramentas, a percepção subjetiva de esforço, frequência cardíaca, e a potência. E no que diz respeito a melhorar a sua performance não há nada igual a treinar (e competir) usando um medidor de potência.
Minha experiência como treinador mostra que os atletas que treinam com medidores de potência não só apresentam uma maior evolução em sua performance como são mais capazes de executar uma boa prova e atingir os seus objetivos nas competições.
No entanto, seu preço elevado e a falta de conhecimento de muitos atletas e treinadores ainda é uma barreira para a popularização dessa incrível ferramenta.

Por que treinar com um medidor de potência?

Muitos controlam seu condicionamento físico através do número de horas treinadas, distância percorrida ou a média de velocidade dos treinos. O problema é que essas variáveis são muito afetadas pelo relevo, condições climáticas (ventos, temperatura…), além de não individualizar o esforço do atleta. Em outras palavras, manter 35km/h de média em um pedal com vento a favor no plano é muito diferente de manter a mesma média em um percurso com subidas ou vento contra. Com os medidores de potência temos em tempo real a medida exata do esforço que estamos fazendo independente das condições climáticas.
E isso é essencial não só para treinar da melhor maneira possível, como também executar o pacing ideal na bike durante uma prova longa de modo a sair para correr no seu melhor.
Os medidores de potência fornecem uma quantidade incrível de dados para melhora nossa performance, mas destaco três delas:

FTP (Functional Threshold Power): O FTP é a métrica mais importante de se treinar com potência. É através dessa variável que determinamos todas as zonas de treinamento na bike e conseguimos estruturar o treinamento de maneira extremamente eficiente.

TSS (Training Stress Score)
Muitos triatletas ficam doentes constantemente (resfriados, dores de garganta…) ou se lesionam. Isso se deve à combinação de excesso de treino e falta de descanso. O TSS é uma medida que quantifica o estresse gerado durante uma sessão de treinamento, e isso permite ao treinador monitorar a carga total de treino, diminuir o risco de lesão, e ainda inferir sobre o sistema imunológico do atleta, além de predizer de forma mais eficaz o desempenho em competições. De maneira simples, se o treino for fraco demais (gerando um baixo TSS) o atleta não melhora, se gerar um TSS muito alto o atleta pode ficar doente ou se lesionar.

PACING: Durante as provas de Ironman e 70.3, muitos atletas não conseguem executar uma boa prova por dificuldade de controlar a carga de treinamento durante a prova. Exemplos de pessoas que se excederam no pedal e quebraram durante a etapa de corrida não faltam.

Ao controlar o seu esforço na etapa de ciclismo usando o medidor de potência, é possível garantir que você pedale na intensidade ótima independente das variações das condições climáticas e garanta um melhor desempenho na competição.

Como escolher um Medidor de Potência?

Para escolher um medidor de potência é importante considerar alguns fatores:

Compatibilidade, precisão e facilidade de uso.

Compatibilidade: hoje os medidores de potência são disponíveis em três tipos, os medidores de potência no cubo da bicicleta, nos pedais, no corpo e no braço do pedivela, e cada um desses tipos tem o seus prós e contras.

Os medidores de potência no cubo da bicicleta são mais resistentes, mas limitam aqueles que possuem mais de um par de rodas (rodas de treino e rodas de competição), já os medidores de potência de pedais e pedivelas são mais fáceis de serem compartilhados por aqueles que possuem mais de uma bicicleta. No entanto, medidores de potência de pedais não servem para os atletas de cross-triathlon que também querem treinar com potência em suas MTBs.
Outro aspecto a se considerar é a forma de transferência de dados. Hoje a maioria dos dispositivos funciona usando transmissão de dados wireless e dois sistemas prevalecem o ANT+ (indicados por aqueles que possuem um Garmin) e o BluetoothSmart (para aqueles que possuem dispositivos SUUNTO, POLAR ou monitorar os seus treinos através dos aplicativos de celular).
Preste atenção nesses detalhes na hora de comprar o seu medidor de potência.

Precisão: Embora muito se discuta a respeito da precisão dos medidores de potência disponíveis no mercado, a maioria dos modelos oferece precisão mais do que suficiente para monitorar o seu treino de maneira precisa. Nos medidores de potência através de pedal, são oferecidas opção para 1 ou 2 pods. Com 2 pods conseguimos mensurar as possíveis diferenças entre a potência gerada em cada uma das pernas, já com apenas 1 pod, a diferença entre as duas pernas é calculada através de uma equação matemática, o que não gera uma grande precisão para analises das pedaladas.

Rodrigo Langeani
Treinador Esportivo
Técnico Nível 2 pela CBTri
Bacharel em Educação Física e Motricidade Humana

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