Eduardo Braz fala sobre o adiamento de Tóquio 2020

Técnico de Luisa Baptista e Manoel Messias, Braz fala sobre as mudanças no planejamento e impacto nos triatletas brasileiros

O que achou da mudança das Olimpíadas para o ano que vem? Foi a decisão mais acertada?
EB: Por mais que o adiamento dos Jogos interfira diretamente em nosso trabalho, a realização do mesmo em julho é inviável. Estamos enfrentando uma epidemia que tem modificado a rotina de muitas áreas e no esporte não poderia ser diferente. Para mim, a decisão foi acertada.

Em que fase se encontrava a preparação de seus atletas?
EB: Viemos de uma 1ª preparação em altitude há 2 semanas, os atletas estão em uma forma física bem elevada. Entraríamos agora em um momento de cargas específicas para a World Cup de Brasília, que seria entre 3 e 5 de abril.

Como trabalhou este período de adiamentos e, agora que foi confirmado o adiamento das Olimpíadas, como tem sido os treinos deles?
EB: Até as restrições de mobilidade que estamos nesse momento, não modificamos muito nossa rotina de preparação. Agora estamos com cargas bem mais reduzidas, treinando indoor, priorizando trabalhos de força, exercícios funcionais, algo que não conseguimos priorizar quando estamos em meio da temporada.

Eduardo Braz, técnico do SESI Triathlon e de Luisa Baptista e Manoel Messias

Como eles estão mentalmente, com este adiamento?
EB: Cada atleta reage de uma forma, de acordo com o momento da carreira. É natural que isso gere ansiedade, mas de qualquer forma, eles estão muito bem focados no trabalho e sabemos que teremos que renovar as energias diariamente para poder manter o foco. Acho que esse momento será para desenvolver a resiliência, aspecto comportamental tão inerente a nossa modalidade.

O que planeja de agora até o ano que vem, em termos de periodização do treinamento?
EB: Bom, para falar em periodização, precisamos primeiro das definições de calendário, tanto dos Jogos, quanto das provas internacionais da ITU, bem como precisamos ter oficialmente confirmados os critérios de ranking olímpico. Com mais um ano de ciclo até os Jogos, ainda não saiu a definição de quais provas somarão pontos ao ranking olímpico. Enfim, é um momento que a Federação Internacional terá que ajustar as regras do jogo, para que possamos planejar de forma mais assertiva esse ano extra.

Pela idade dos três brasileiros classificados até agora (Luisa, Messias e Vittoria), percebe-se que estão em constante evolução, ano a ano, então, por mais que tenha sido difícil esse adiamento, pensamos que eles estarão ainda melhores ano que vem, mais maduros, preparados e confiantes. Você vê por esse lado também? Acha que esta situação pode se tornar até favorável para eles?
EB: Sim, costumo falar que para um atleta, faz-se necessário em média 10 anos de prática, em alto rendimento, para que possam atingir o pico de performance individual. Nenhum deles ainda alcançou, então com mais um ano de preparação, nos aproximaremos ainda mais desse tempo de desenvolvimento.

Redação

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