Como o Jet Lag pode afetar o rendimento do triatleta

Acredita-se que a ressincronização circardiana demoraria no mínimo 1 dia para viagens para direção leste e 12 horas para aquelas no sentido oeste

Por Roger de Moraes

Desajustes entre o ciclo circardiano – é o compasso que rege o seu relógio biológico – em viagens para destinos separados por mais de três zonas de tempo costumam resultar em perturbações na qualidade do sono, fadiga durante o dia e distúrbios gastrointestinais. Aliada às alterações psicológicas e fisiológicas associadas que alteram a disposição do organismo para o esforço, esse fenômeno que é coletivamente conhecido como “jet lag”, tem grande potencial para afetar o rendimento do triatleta.

Neste sentido, recuperar do “jet lag” implica na necessidade de ressincronizar o sistema circardiano com o novo ciclo claro-escuro, um desafio iminente já que os ritmos dos órgãos periféricos são distintos. Tal situação torna o período entre o segundo e o quarto dia mais difíceis de serem tolerados do que o primeiro dia de chegada da viagem. Acredita-se que a ressincronização circardiana demoraria no mínimo 1 dia para viagens para direção leste e 12 horas para aquelas no sentido oeste. Neste contexto, viagens para o leste obrigam o sistema circardiano a ser acelerado e aquelas para oeste exigem retardo do mesmo.

Para compor planejamento adequado de ressincronização circardiana, parece necessário monitorar a temperatura corporal antes da viagem e acessar o valor mínimo que tende a ser atingido 7h após a secreção de melatonina que por sua vez começa a ocorrer cerca de 2 horas antes do início do sono. Ao identificar o momento de manifestação da temperatura mínima no novo destino, pode-se planejar exposição ou proteção do sol se pretendemos atrasar ou acelerar a sincronização circardiana. Vale observar que a melatonina é um hormônio produzido naturalmente pelo organismo (na glândula pineal do cérebro), que possui como principal função regular o ciclo circadiano, estimulando o sono ao final do dia. Além disso, a melatonina promove também o bom funcionamento do organismo e atua como antioxidante.

Assim, quando o deslocamento ocorre para leste e o horário fica adiantado em relação ao local de origem, a exposição à luz deve ser evitada no período entre 3-4 horas antes da ocorrência da temperatura mínima corporal e maximizada pelo mesmo período de tempo ao lado da prática de exercícios depois que tal temperatura se manifestou. Nestes casos, alguns estudos indicam o uso de 3mg de melatonina cerca de 11,5h antes da temperatura corporal mínima se manifestar. Se a viagem ocorre para oeste, os procedimentos de ressincronização deverão ser opostos aos indicados para leste.

Roger de Moraes – @demoraesroger
Ex-triatleta Profissional, Professor de Fisiologia Geral
Doutor em Ciências com Pós-Doutorado no Laboratório de Investigação Cardiovascular do Instituto Oswaldo Cruz – Fundação Oswaldo Cruz

 

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