Como fatores genéticos e ambientais influenciam o triatleta

Entenda o que se junta à habilidade natural do triatleta para cada tipo de prova

Por Roger de Moraes

O rendimento de endurance é influenciado por fatores genéticos e ambientais. A habilidade do organismo humano em apresentar alto desempenho com mínimo treinamento compõe ao lado da treinabilidade e de variações do tamanho e forma corporal, a habilidade natural do triatleta para cada tipo de prova.

Entretanto, avanços na biologia molecular e no sequenciamento de genes ainda não encontraram diferenças significativas no DNA inter-individual que seja capaz de explicar o talento para eventos específicos de triathlon ou outros desafios de endurance.

Como se sabe, o rendimento aeróbico depende do VO2 máximo, do limiar do lactato e da eficiência mecânica. Atletas bem-sucedidos no triathlon tendem a apresentar alta capacidade de transporte de oxigênio já que expressam níveis elevados do débito cardíaco máximo e do volume de ejeção além de grande quantidade de hemácias e hemoglobina total. Tais características contribuem ao lado de elevada densidade capilar e mitocondrial para ampliar o limiar do lactato e assegurar a máxima expressão da potência que precisa ser sustentada durante a competição.

Ao lado da eficiência mecânica que se apresenta altamente específica para cada modalidade, frequentemente se questiona o quanto da manifestação de cada um destes fatores é genético ou ambiental. Sabe-se que para o VO2 máximo, a hereditariedade é significativamente mais elevada para gêmeos monozigóticos do que dizigóticos em processo que também se estende para treinabilidade e que permite melhorias com um mínimo de tempo e de treinamento. Mesmo assim, ainda não foram encontradas variantes genéticas que expliquem o alto rendimento sob este contexto. De fato, variantes encontradas no DNA e relacionadas à função pulmonar foram incapazes de explicar valores extremamente elevados de VO2 máximo.

Também não foram encontradas variantes genéticas que expliquem os altos valores de volume de ejeção desses atletas e as aventadas diferenças da atividade da enzima conversora de angiotensina não parecem ter o efeito positivo que se acreditava. Também não se explica geneticamente a maior quantidade de hemácias, capilares ou mitocôndrias na elite do esporte. Será “só” treinamento?

Roger de Moraes – @demoraesroger
Ex-triatleta Profissional, Professor de Fisiologia Geral
Doutor em Ciências com Pós-Doutorado no Laboratório de Investigação Cardiovascular do Instituto Oswaldo Cruz – Fundação Oswaldo Cruz

 

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