Bilateral? Unilateral? Que frequência respiratória uso na hora de nadar?

A respeito do bloqueio e da frequência respiratória em relação aos ciclos de braçadas, suas aplicações em treinos e competições; a primeira ideia que nos vêm à cabeça é: “Mas é preciso respirar – fundamental”.

Quando falamos do bloqueio respiratório, seja ele bilateral (contagens ímpares de braçadas) ou unilateral (contagens pares de braçadas), seja este bloqueio executado em treinos ou competições , estaremos falando sempre em duas variáveis (Biomecânica e Fisiológica), que separadas ou em paralelo vão repercutir na melhora de nossa performance.

Para sermos mais justos e exatos, não iremos ficar citando autores e seus diferentes pontos de vista, mas sim a que julgamos e aplicamos através – sim da leitura crítica desses autores, do nosso ponto de vista e metodologia de trabalho. Iremos nos ater ao nado Crawl por este ser o predominante em volume no treinamento e pelo próprio princípio da especificidade, pois como estamos falando para triatletas e nadadores de (mar) águas abertas; não cabe pensar que alguém que esteja atrás de aumento ou manutenção de velocidade e performance irá nadar outro estilo que não este em suas provas, salvo algum imprevisto na prova.

Vamos primeiro analisar o bloqueio pela questão da biomecânica. Teoricamente, pois vão depender paralelamente de outras variáveis (tais como: massa muscular, percentual de gordura, tempo de perna, condicionamento físico), quanto menos eu respirar mais fácil de manter minha posição de nado e com isso manter ou ganhar velocidade, mas por quanto tempo ou que distancia eu consigo manter tal relação custo-benefício? É fato, só irei conseguir isso (nadar totalmente bloqueado ou por um numero alto de braçadas) se for por curtas distâncias ou por pouco tempo e isto estaria diretamente ligado a provas de velocidade ou em algumas situações durante a minha prova ou em treinamento para ganho de velocidade e potência no nado.

Como eu posso transferir isso para meus treinos e até na minha prova? Simples, não existem formulas mágicas em relação à quantidade de braçadas e para qual lado irei respirar, na verdade, caberá ao treinador e o próprio atleta “descobrirem” através da cadência do nado e por questão de conforto se a respiração vai ser bilateral ou não, se vai ser a cada 2,3,4 ou seja qual for o número de braçadas.

Fisiologicamente o que por muito tempo foi pensado e utilizado, mas alguns estudos acabaram por evidenciar o contrário, seria o fato de nadar bloqueado buscando além dos efeitos fisiológicos normais, uma adaptação a estresses específicos, como ausência de O2. A hipóxia produziria aumentos na difusão de O2 tecidual (capacidade aeróbica), e aumento dos níveis de CO2 (capacidade anaeróbica).

O que nos valemos fisiologicamente é da seguinte premissa. Ao nadar com respiração bloqueada o nadador apresenta valores de frequência cardíacas menores do que ao nadar com respiração normal para uma mesma intensidade. Ao nadar em ritmo moderado, mas com a respiração bloqueada o atleta consegue simular as demandas metabólicas de intensidades mais altas. Você pode estimular adaptações metabólicas de velocidades de nado mais intensas apenas bloqueando um pouco mais a respiração. Dessa forma consegue dar um ótimo estimulo metabólico ao corpo sem precisar submetê-lo a intensidades muito altas, minimizando impacto nas articulações.

Aqui vão algumas dicas a respeito deste tema:

  • Bloquear a respiração pode causar os mesmos estímulos metabólicos do que se nadar em velocidades de nado mais intensas.
  • Treinar em apneia voluntária é perigoso; bloqueio da respiração por muito tempo pode ocasionar dor de cabeça e perda dos sentidos.
  • Uma dor de cabeça prolongada implica a diminuição do treinamento.
  • 25 a 50% do treinamento pode ser hipóxico.
  • Maior parte do treinamento hipóxico no trabalho deve ser com velocidade controlada.
  • Em competições, o nadador deve respirar do modo pelo qual se sentir melhor.
  • Existe grande diferença entre prender a respiração indefinidamente e respirar de forma hipóxica ou controlada.

Mario Roberto Guagliardi Júnior- Treinador da Academia Brasileira de Treinadores- COB

Rakely Soares Pontes – Especialista em Educação Física – UERJ

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