A ideia de lançar o uso de alguns analgésicos antes de um prova de longa distância – triathlon, corridas de aventura, ultramaratonas de corrida ou ciclismo etc. – está se tornando comum. Um estudo mostrou que 60% dos triatletas estão tomando medicamentos como o ibuprofeno antes ou durante as provas.
De acordo com a reação de alguns médicos, atletas profissionais e amadores, eles acreditam que os efeitos colaterais das drogas – a níveis fatais nos extremos – não estão sendo divulgados a uma comunidade inconsciente de esportes de resistência.
Dores resultantes de nadar de 3.8km, pedalar 180 km e correr 42,2km, são reações normais de um corpo estressado devido ao exercício. Elas são nossa sugestão de quando devemos forçar ou recuar, e permitir a adaptação. Vê-los como obstáculos a serem removidos ao entorpecer o desconforto não mostra nenhum sentido em ouvir os sinais de alerta de nosso corpo; portanto, não é de admirar que tentar esse atalho tenha consequências para a saúde. Alguns ultra-eventos já proíbem os AINEs (anti-inflamatórios não esteróides) devido aos riscos à saúde.
Foto: Ironman Mídia
Segundo a Dra. Simone Scherpenhuijzen, que é médica e triatleta, este assunto é muito controverso no meio do esporte. “O uso indiscriminado de Aines sem supervisão médica pode acarretar diversos danos à saúde. Exercício fisico extenuante, como o Ironman, exige demais do corpo; durante treinos intensos e provas de longa duração ou de intensidade alta, ocorre quebra do tecido muscular, gerando metabólitos que são filtrados pelo rim, ocasionando uma grande sobrecarga principalmente se associado a anti-inflamatórios, podendo aumentar a chance de insuficiência renal com possibilidade de hemodiálise”, revela ela, e reforça: “O uso do medicamento tem seu papel sim, mas sempre com acompanhamento médico e lembrando de intensificar a hidratação durante as provas, principalmente se fizer uso de Aines. ‘Todo veneno é remédio, todo remédio é veneno, depende da dose (Paracelso)’. Importante sempre lembrar que a dor faz parte do treinamento e a adaptação do corpo aos processos fisiológicos leva a uma melhora da performance.”
