Sou atleta amador. O que fazer para captar apoios e patrocínios?

Mais do que nunca o esporte tem sido alvo de empresas grandes e pequenas para divulgar seus produtos. Vemos as marcas expostas em roupas, em painéis, em eventos, nas redes sociais, na TV, na imprensa, ou seja, em diversos canais de comunicação. O esporte tem sido visto como um produto a mais no marketing dessas organizações e junto com ele estão os atletas. Mas qual o verdadeiro papel dos atletas para essas empresas? Como eles têm sido trabalhados para alavancar as vendas? O que as empresas querem na hora de escolher um atleta para ser embaixador da marca?

Essas questões têm sido bastante discutidas nos meios corporativos e também entre os atletas que se colocam à disposição para obter patrocínio e recursos que facilitem sua vida profissional. Bom, vamos desenrolar esse tema aqui para que você possa entender esse mercado e encontrar a melhor maneira para atrair os olhares dos selecionadores para seu projeto esportivo.

Para isso, vamos primeiramente eliminar certos conceitos e valores arraigados entre muitos atletas e que podem levar a muitos “nãos” extras.

  • “As empresas tem obrigação em me ajudar.” –  Primeiro de tudo, vamos tirar a imagem de que as empresas são obrigadas a ajudar você. Elas não são e não se veem como filantropia quando o assunto é ganhar dinheiro. As empresas querem encontrar canais que levem sua mensagem até seus consumidores para que eles comprem seus produtos. Entendendo que as empresas querem vender, ela não vai “ajudar” você. Caso você tenha um bom projeto que gere valor para a marca, ela pode analisar seu projeto para saber se ele irá trazer resultados para ela. Caso sim, perfeito! Pode estar aí a sua chance. Caso contrário, esqueça! Isso não quer dizer que o seu projeto seja ruim, simplesmente que ele não é adequado para a estratégia da marca.
  • “Nós somos um produto de marketing.” – Não, definitivamente não. As empresas não vão vender você e nem vão assessorar sua carreira. Elas querem encontrar atletas que reconheçam seu poder de influenciar pessoas e, à partir daí, eles serão os canais de comunicação entre empresa e consumidor. Portanto a ideia de que o atleta é um produto está equivocada. O atleta é um canal de comunicação e, como tal, o interesse é que se crie um vínculo de parceria que favoreça as duas partes em um auxílio mútuo.
  • “Tenho tido os melhores índices na minha modalidade ou categoria e ainda assim as empresas não olham para mim.” – Não se sintam tristes, mas esse é um dos fatores que menos importam na hora que um selecionador está à procura de um atleta para patrocinar. É lógico que é relevante, mas se esse atleta não tiver influência entre seu meio e alcance para vários públicos, as empresas não vão olhar mesmo. De que adianta um atleta excepcional que não divulga seu trabalho, que não agrega valor às pessoas a sua volta, que não sabe se comunicar nas redes sociais, que não envolve-se nos temas de sua modalidade?
  • “Posso divulgar a marca em todas as minhas redes sociais.” – As redes sociais tem grande valor e alcance nos dias atuais pois através delas as pessoas compartilham conteúdos, interagem com outras pessoas, formam grupos de discussão, divulgam seus negócios pessoais e profissionais. Mas o que de fato é relevante para uma marca? As empresas não querem um atleta incoerente, que fique falando amenidades nas suas redes sociais, que interajam somente com amigos e familiares. Ele precisa espalhar mensagens e ser ouvido. Ele precisa ser mais que um usuário, e sim um influenciador de pessoas. E quanto mais pessoas, melhor. Se esse alcance extrapolar as redes sociais e ir para a imprensa, você terá grandes chances de ser selecionado e conseguir um patrocínio.
  • “As empresas nunca respondem ao meu projeto.” – Tudo dentro de uma grande empresa ou marca acontece no seu devido tempo. Há o tempo de planejar e há o tempo de executar. Normalmente as empresas preparam o seu planejamento com base no ano que passou e fazem uma previsão para o próximo. Caso seu planejamento inclua ações com atletas, ou assessorias, esse é o momento certo para propor parcerias. Não adianta você mandar propostas no meio desse processo pois as marcas não vão olhar seu e-mail. É preciso, portanto, estudar a empresa e saber exatamente quando ela se abre para parcerias. De modo geral isso começa a acontecer nos últimos 3 meses do ano e pode ir até março. Mas depende de cada uma. Como descobrir isso? Pesquise sobre a empresa e descubra quando ela inicia projetos de marketing, propaganda e divulgação. Não é difícil. Não seja preguiçoso.
  • “Eu adoro a marca, por isso poderia ter o patrocínio dela.” – Adorar uma marca é essencial nesse negócio. Você precisa sim ter empatia pelos produtos e pela missão dela. Mas isso não quer dizer que seu projeto faça algum sentido para a empresa. Isso vai depender, como já disse acima, da estratégia escolhida por ela para fazer seu negócio acontecer.
  • “Disparo meu projeto para várias marcas, mas não dá resultado.” – E não vai dar mesmo. É fundamental que você conheça bem a marca para a qual está apresentando seu projeto e fazer com que essa comunicação seja o mais assertiva possível, e isso não se consegue disparando e-mails.

Supondo que você tenha entendido os conceitos acima, vamos às etapas do processo de abordagem das empresas:

  • Primeiro passo, conheça a marca.
  • Segundo, encontre entre suas diversas habilidades aquelas que precisam ser destacadas de acordo com os valores da marca.
  • Depois, prepare um material exclusivo para atender as necessidades do negócio.
  • Busque contato com os atletas que ela já patrocina para entender com quem você deveria falar.
  • Descubra o melhor momento.
  • Entre em contato com o selecionador e peça para enviar seu projeto.
  • Envie o projeto e certifique-se que foi recebido e lido.
  • Não ligue ou mande e-mails diários. Como disse, as empresas funcionam no seu próprio tempo, e não no seu tempo.
  • Não teve resposta ou a resposta foi negativa, entenda porque e melhores numa próxima oportunidade.

O que fazer depois de um “sim”? Legal, deu certo, agora é hora de trabalhar em favor dessa parceria com ética e dedicação.

O que fazer depois de um “não”? Não fique chateado ou triste com a empresa. Muito menos saia falando mal dela para as outras pessoas. Entenda o que não deu certo para que possa melhorar sua proposta em uma próxima abordagem ou com outras empresas as quais esteja interessado em parceria. Como disse, pode ser que nesse momento a sua proposta não seja interessante, mas se você conseguiu cativar o selecionador com uma proposta legal, ele provavelmente lembrará de você caso seu projeto faça sentido em um outro momento.

Raphael Dagaz é Fundador do projeto Esporte Dagaz e profissional de Relações Públicas com experiência em comunicação corporativa, marketing digital e marketing esportivo construído através de empresas governamentais e multinacionais nas áreas de bens de consumo, onde tem desenvolvido projetos de relacionamentos com a mídia, imprensa, formadores de opinião e as stakeholders.

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