Melhorando a técnica do nado

3 maneiras de melhorar a sua técnica na natação

Você está prestes a largar em seu primeiro Ironman, alinhado com mais de dois mil atletas, vestindo uma apertada roupa de borracha, verificando nervosamente seus óculos pela décima vez. Todos ao seu redor esperando a buzina sinalizar o início da prova estão fazendo o mesmo: balançando os braços, alongando, pulando para cima e para baixo. A energia é palpável. Mesmo os triatletas experientes ficam com a frequência cardíaca elevada e hormônios disparando em sua corrente sanguínea.

Para muitos, a natação é a parte mais assustadora do dia. Eu ouço de vez em quando: “Se eu conseguir superar a natação, vou ficar bem.” Como treinador, quero que meus atletas tenham confiança em sua capacidade, não simplesmente, de superar a natação, mas limitar o excesso de estresse emocional e físico para economizar energia para o resto do dia. Autoconfiança e atitude devem governar sua natação.

Como alguém que aprendeu a nadar de forma competitiva já adulto, tive muita dificuldade para evoluir na natação e é claro que esse processo ainda está em curso. É um trabalho que envolve muita paciência, dedicação e consistência até conseguir  a técnica, o fitness e a confiança necessários. Não há uma pílula mágica que possa levá-lo do ponto A ao ponto B, mas ao longo dos últimos treze anos encontrei pontos de foco que todos os nadadores novos e experientes devem considerar e que podem acelerar o seu processo evolutivo. Gostaria de destacar três:

Nade como um triatleta – O primeiro ponto a ser considerado é não tentar copiar a técnica usada pelos melhores nadadores do mundo. Vemos a maioria dos atletas amadores (e treinadores) tentarem seguir essa linha de analisar o que esses melhores nadadores fazem e depois aplicar esses conceitos ao triathlon. Definitivamente essa abordagem não é a mais efetiva para a grande maioria de nós. Replicar a mecânica das braçadas de Michael Phelps, por exemplo, simplesmente não funciona. Em vez de tentar copiar a técnica de uma pessoa que nadou 80 km por semana por mais de 10 anos, que tem uma composição física completamente diferente da nossa e cujo evento tem uma distância e dinâmica completamente diferente do que encontramos em nossas provas, busque encontrar uma técnica que você consiga repetir por 750 a 3.800 vezes (para atletas de short triathlon e Ironman respectivamente) sem esgotá-lo física e mentalmente. Nós não nadamos, treinamos para o triathlon! Estes são dois esportes distintos e, portanto, treinamos o componente de natação de forma bem específica. Nosso esporte envolve natação em águas abertas com ciclismo e corrida depois, muito diferente do que fazem os nadadores.

Entrada das mãos na água – triatletas devem entrar com as mãos na água na direção da linha dos ombros e não da linha média do corpo. Desta forma, evitamos que nosso corpo serpenteie durante o nado como vemos tantos atletas amadores fazendo. Se entramos com as mãos na linha média do corpo, devido ao impulso da entrada e ações externas (marolas, correnteza e atletas ao redor), as mãos atravessarão a linha média e em uma reação em cadeia, nosso quadril se move para o lado oposto, levando junto nossas pernas e criando aquele movimento que se assemelha ao de uma serpente. Não há como controlar, suas mãos não vão parar na linha média do corpo e para garantir que você não cruzará as mãos à frente do corpo, procure girar as mãos antes da entrada para tocar primeiro com os polegares na água e em seguida gire novamente as mãos e aponte os dedos para o fundo iniciando a fase da puxada.

Posição da cabeça – Por último, mas não menos importante, procure não apontar o nariz para o fundo da piscina. Tente deixar a linha d’água em sua testa e observe sua mão entrando na água antes de girar a cabeça para respirar. Determinar o padrão de respiração que é mais eficiente (unilateral ou bilateral) para cada um normalmente não se dá em um único treino de natação. É um processo de experimentação, tentativa e erro.

Marcar seu tempo em um único intervalo de 100 metros não é um método recomendável para decidir sobre qual melhor técnica utilizar. Uma técnica que você possa manter por 750 a 3800m é preferível a uma que é perfeita para 100m, mas que depois desmorona, especialmente sob pressão no dia da prova. Lembre-se, técnica só é válida se mantida sob pressão! A incorporação de equipamentos, como pullboys e palmares ajudam a desenvolver uma boa técnica. Esses equipamentos podem ser usados para desenvolver força específica na natação, mas a escolha do modelo e do tamanho para cada atleta é individual e fundamental para desenvolver a técnica de cada um. A escolha correta desses equipamentos faz com que o atleta não precise ficar pensando muito sobre a correção da técnica, o que facilita a automação do movimento e consequentemente a evolução.

Bons treinos!

Rodrigo Tosta é diretor e head coach da RT Performance
www.rodrigotosta.com

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