Entrevista com Frank Jakobsen, técnico de Guilherme Manocchio!

O dinamarquês Frank Jakobsen, de 49 anos, é o responsável técnico da Sansego, equipe que tem Craig Alexander como coordenador. O Team Bravo Coca-Cola tem ele como treinador, e entre seus atletas, está o paranaense Guilherme Manocchio, único homem brasileiro a vencer duas provas oficiais de Ironman, Fortaleza ano passado e Dinamarca este ano. Prova esta que carimbou a vaga dele para o Mundial no Havaí. Confira o papo que tivemos com Coach Jakobsen, ex-nadador de elite, e homem que trabalha junto a Guilherme e o orienta em sua carreira de sucesso.

Como chegou ao triathlon e ao papel de treinador?

Eu tenho grande vontade e motivação em ver como as pessoas podem chegar ao seu potencial máximo, e no triathlon trabalho com pessoas que têm uma grande paixão por aquilo que fazem, o que me inspira muito a dar mais energia neste processo. Eu acredito no triathlon e principalmente na distância Ironman. É um desafio fantástico para uma pessoa, e maior ainda quando você vai para o nível profissional. Ele se torna uma verdadeira aventura, porque você nunca tem 100% de certeza de nada. Eu gosto disso, porque realmente me motiva em trabalhar com algo que gera desafios profundos.

Quando começou a treinar Guilherme Manocchio?

No começo deste ano.

Como tem essa experiência de treiná-lo?

Muito boa! A sua filosofia de vida, juntamente com sua dedicação ao treinamento, os deixam sempre prontos para trabalhar duro para melhorar. É realmente um prazer trabalhar com ele! Ver como ele faz boas escolhas a cada dia, e por isso minha confiança nele é muito grande.

Ser parte do Team Bravo acrescentou outra dimensão ao treinamento, e eu acredito que Guilherme tem se desenvolvido muito com o treinamento junto com a equipe. O sentimento e a relação entre ele, Fabio Carvalho, Thiago Vinhal e Marcus Fernandes no recente training camp em Boulder, no Colorado (EUA), foram simplesmente ótimos. Fazendo sessões com Craig Alexander, Tim Don, Rachel Joyce e Paul Matthews, o levou a inspirar-se, dando-lhe confiança. Foi uma dos principais tijolos na construção de sua conquista na Dinamarca.

Qual o momento mais difícil já passou com Guilherme?

Nenhum. Há sempre momentos em que você tem uma sensação, que você começa a atingir a linha tênue do equilíbrio entre progresso e falha, mas com Guilherme temos tido êxito em progredir até agora, e eu acredito que há uma boa chance de continuarmos assim.

Qual é o melhor momento que já passaram?

Quando eu dei as últimas passagens da maratona do Ironman Dinamarca para Guilherme, e ele foi correr os 7km restantes eu comecei a andar para linha de chegada. Em um momento solitário, numa rua pequena, sem espectadores e sem barulho, realmente me senti bem e a emoção veio junto com o sentimento de conquista. Lembrei das muitas conversas no Skype, a primeira sessão de treinos e o “camp” em Boulder.

Eu me senti realmente feliz por Guilherme e sua família. A sensação profunda da conquista e do orgulho de conhecer e trabalhar com ele. Esses três ou quatro minutos que caminhei até a linha de chegada do Ironman em Copenhagen são impossíveis de descrever. Foi um filme de 30 segundos que sempre terei comigo, pura emoção.

Como foi o treinamento dele para o Ironman Havaí? Ele fez algo diferente do que para o Ironman Florianópolis?

De maneira geral, Guilherme é um excelente atleta. Isso nos dá a chance de trabalhar com sessões que se encaixam bem para as provas que têm como objetivo. Em Florianópolis ele não nadou bem, portanto, foi necessário trabalhar isso. Na Dinamarca ele já nadou bem melhor, saindo no primeiro grupo. Isso foi importante, ter nadado no grupo da frente deu-lhe confiança.

Em Kona é diferente, ele não vai para ganhar. Está indo com um objetivo diferente, portanto, uma mentalidade diferente e alguns ajustes no treinamento.

Em Kona vamos receber a ajuda do Craig Alexander, com o objetivo de dar-lhe o “insight” específico sobre o percurso da prova. E isto será de grande valor! Rachel Joyce e Tim Don também estarão, então a sensação de equipe voltará a entrar em jogo, e eu acredito que o Team Bravo Coca-Cola vai fazer um bom trabalho, e Guilherme Manocchio tem grande parte nisso.

Redação

redacao@golonger.com.br