Apoio x Patrocínio: Entender essa questão é importante para ambos os lados!

Apesar de muitos não terem dúvida a respeito, vale esclarecer essa questão assim como os principais cuidados que atletas, organizadores de eventos, federações e empresas devem ter  em relação às possíveis implicações de cada uma dessa forma.

Na verdade, patrocínio diz respeito à compra através de recursos financeiros de uma propriedade na qual a marca terá alguma divulgação/exposição, já no caso de apoio a “compra” ocorre sem que se envolva dinheiro.

Exemplificando, um atleta pode ter o patrocínio de uma companhia aérea e dela receber um valor em dinheiro, nesse caso podemos considerá-la como patrocinadora. No entanto, se a relação envolver apenas a cessão de passagens aéreas, se tratará de apoio.
Na prática, essa definição é muitas vezes dIstorcida ao ponto de considerarem que a diferenciação se dá em relação ao montante investido, ou seja, quem investe mais é patrocinador e quem investe pouco é apoiador.

A definição em si pouca diferença faz, o que me preocupa nessa situação é como a negociação é feita, pois tanto o patrocinado quanto o patrocinador devem ter claramente estabelecidos seus direitos e prazos.

Pegando a situação de um atleta como exemplo.
Num período de maus resultados ou de recessão econômica, o atleta pode vir a ceder para um apoiador, um espaço nobre em seu uniforme tamanha a dificuldade em se obter patrocínio, porém isso deve estar contemplado no acordo. Ou seja, como agirá se, durante a vigência do contrato com o apoiador, aparecer um patrocinador?
Rescinde o acordo? Dá um espaço menos nobre ao patrocinador que investe mais na operação?
Todas as opções são válidas, desde que previamente combinadas.

 

Fotos: ITU World Cup New Plymouth

Indo mais longe. Imaginem que um atleta comercialize 60% do peito do seu trisuit para um patrocinador por, digamos, R$ 6 mil/mês. Sobra para ele “vender” 40% para alguma outra marca. Por quanto ele venderá?

Em tese, esse valor custaria R$ 4 mil/mês. Vender tal espaço por um valor maior do que esse pode ser aceitável caso o patrocinador que detém os 60% seja um parceiro antigo e como tal mereça ter condições especiais por uma questão de gratidão. Entretanto, vender por menos é algo totalmente abominável, pois denota uma grande injustiça com o patrocinador que mais investe.
Não pensem que tais situações são meramente hipotéticas, os números podem até ser, mas as posturas adotadas são reais.

Obviamente, o próprio patrocinador pode se precaver dessas situações e redigir contratos que os protejam, mas de qualquer forma é importante o atleta ter sempre cuidado com suas atitudes e decisões.

Outro ponto que também requer bastante atenção é o que diz respeito ao conflito de patrocínios e/ou de apoios.

Não é legal para o patrocinador ver o patrocinado tendo como parceiros, empresas que sejam suas concorrentes, aliás, nem para o patrocinado isso fica legal, pois não consegue transmitir o endosso do produto.

Os atletas precisam ter em mente que, além da exposição da marca, o patrocinador/apoiador quer passar a mensagem que seus produtos estão associados com esporte, desempenho e saúde. Se o atleta estiver expondo duas marcas de isotônicos, por exemplo, qual será que ele efetivamente consome?

Faz-se necessário registrar que o presente artigo tem como objetivo esclarecer e alertar para fatores do cotidiano do mercado de patrocínio esportivo e, em nenhum momento despreza a realidade do esporte no Brasil, que faz com que a obtenção de patrocínios e até apoios seja tarefa das mais árduas.

Por fim, vale também esclarecer que apesar do foco como patrocinado ter sido o atleta, essas situações se enquadram perfeitamente a federações e organizadores de provas.

Idel Halfen é especialista em marketing esportivo

Redação

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